Mini celular, ponto eletrônico e transmissor: como foi descoberto esquema para tentar fraudar concurso da Polícia Civil no Ceará
05/08/2025
(Foto: Reprodução) Quatro são presos tentando fraudar concurso da Polícia Civil no Ceará
Transmissor, ponto eletrônico e até um mini celular. Aparelhos eletrônicos do tipo foram encontrados com um grupo suspeito de tentar fraudar o concurso da Polícia Civil do Ceará. Os itens foram fundamentais para que a investigação percebesse a conexão entre as quatro pessoas presas neste domingo (3) em Fortaleza. Todos são de Juazeiro do Norte, na região do Cariri do estado.
O primeiro capturado foi Jaime de Mendonça e Silva Neto. Ele fazia a prova na Universidade Estadual do Ceará (Uece), no bairro Itaperi. Ele foi detido com um ponto eletrônico no ouvido. Com ele, também estavam dois celulares — sendo um em versão "mini" — abertos no WhatsApp, o que indicou que ele se comunicava com alguém. Jaime rompeu o lacre do saco plástico em que os candidatos deveriam guardar os objetos pessoais durante a prova.
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A enfermeira Raphaely Leandro da Fonseca foi detida na sequência. Ela fazia prova no anexo do Instituto Federal de Educação (IFCE), no bairro Benfica, quando a Polícia foi acionada para verificar a conduta dela. Raphaely também foi encontrada com um ponto eletrônico dentro do ouvido e um transmissor. Ela foi questionada se conhecia Jaime, mas optou por ficar em silêncio.
Já o advogado Cícero Leandro dos Santos Belém foi descoberto após um fiscal passar perto dele e escutar um barulho parecido com chiado enquanto ele realizava a prova no prédio da Universidade Federal do Ceará (UFC), no campus do Pici.
A polícia foi acionada e conseguiu capturar Cícero Leandro ainda dentro do campus. No momento da abordagem, ele ainda tentou descartar em uma lixeira um papel que estava com um número de telefone anotado. Posteriormente, a Polícia descobriu que o número era do médico Robson Leite Sampaio. Robson ligou para Cícero quando o advogado já estava preso.
Continuando as investigações sobre as tentativas de fraude do concurso, a polícia recebeu a informação que o médico Robson Leite Sampaio, marido da enfermeira Raphaely Leandro, presa no IFCE, também estava envolvido na fraude. A polícia identificou que Robson estava em uma caminhonete que trafegava pelas imediações dos locais de prova.
Em depoimento, o médico negou que fizesse parte da fraude, mas informou que a esposa dele conhecia a esposa de Jaime. Porém, a polícia identificou uma ligação entre o grupo. A polícia solicitou à Justiça a quebra do sigilo dos aparelhos telefônicos dos investigados, para aprofundar as investigações sobre o caso.
Audiência de custódia
Os quatro suspeitos passaram por audiência de custódia nesta segunda-feira (4). O Juízo da Vara de Custódia da Comarca de Fortaleza concedeu a liberdade dos suspeitos, mediante o pagamento de fiança.
Além do pagamento da fiança, os suspeitos não poderão se ausentar da comarca onde residem por mais de oito dias sem informarem o local onde poderão ser encontrados; devem comunicar eventual mudança de endereço e comparecer a todos os atos processuais para os quais forem intimados.
O que dizem os suspeitos
O g1 tentou contato com a defesa de Jaime de Mendonça e Cícero Leandro, mas não recebeu resposta até a publicação da reportagem.
A defesa de Robson e Raphaely emitiram uma nota sobre o caso. Confira abaixo o posicionamento na íntegra:
"Em resposta às notícias veiculadas acerca dos eventos ocorridos durante o concurso da Polícia Civil do Ceará no último domingo, 03 de agosto, a defesa do médico Dr. Robson Leite Sampaio e de sua esposa, a enfermeira Raphaely Leandro da Fonseca, vem a público esclarecer que a versão dos fatos apresentada até o momento é preliminar, incompleta e não reflete a realidade do que ocorreu. Dr. Robson Sampaio e a Sra. Raphaely da Fonseca são profissionais respeitados em suas comunidades, pais de dois filhos pequenos, e jamais tiveram qualquer envolvimento em atividades ilícitas. As acusações que pesam contra eles são baseadas em interpretações equivocadas e em uma frágil teia de circunstâncias que a defesa demonstrará serem infundadas. É fundamental ressaltar que, em audiência de custódia realizada em 04 de agosto, o Poder Judiciário, após analisar os elementos iniciais da investigação, determinou a imediata liberação de ambos, reconhecendo que não há fundamentos que justifiquem a manutenção de suas prisões. Esta decisão judicial reforça a necessidade de cautela e serenidade na avaliação do caso. A defesa confia plenamente na Justiça e reitera que todos os fatos serão devidamente esclarecidos no foro apropriado, que é o processo judicial. Durante a instrução criminal, quando a defesa terá a oportunidade de apresentar provas e contestações, a verdade virá à tona e a inocência de Dr. Robson Sampaio e da Sra. Raphaely da Fonseca será comprovada. Até lá, apelamos para que a presunção de inocência, um pilar fundamental do nosso Estado de Direito, seja integralmente respeitada".
Enfermeira foi flagrada com ponto eletrônico no ouvido durante realização da prova da Polícia Civil do Ceará.
Reprodução